Vera Batista
Correio Braziliense
- 29/07/2015
O Fórum Nacional das Entidades do Serviço Público Federal
vai submeter às 23 associadas uma nova proposta para a campanha salarial de
2015: reajuste de 19,7%, em janeiro de 2016, ou, no máximo, dividido em duas
parcelas de 9,4%, até 2017. "Cada um tem que ceder um pouco, para tentar
fechar um acordo", admitiu Sérgio Ronaldo da Silva, secretário-geral da
Confederação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef).
A nova proposta foi costurada por uma comissão do Fórum
designada para estudar um índice inferior ao proposto pelo funcionalismo, de
27,3%, depois de a categoria rejeitar a contraproposta do governo de 21,3% em
quatro anos. "Creio que, até 5 de agosto, quando terminam as reuniões
setoriais, o Planejamento vai repensar as contas", disse Rudinei Marques,
secretário-geral do Fórum Nacional Permanente das Carreiras Típicas de Estado
(Fonacate).
Recálculo
Segundo Daro Piffer, presidente do Sindicato Nacional dos
Funcionários do Banco Central (Sinal), o cálculo atual retirou as expectativas
futuras de inflação e o ganho real de 2%, embutidos nos 27,3%. "Acho que o
governo vai aceitar. Ele corrigiu os benefícios pela inflação passada. Não pode
usar dois pesos e duas medidas", disse. Segundo analistas, não por acaso,
a tendência é o governo adotar uma atitude mais flexível.
O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do
Planejamento, Sérgio Mendonça, segundo fontes, foi orientado a contemporizar,
pelo ministro Nelson Barbosa.
O governo teme que os servidores, com protesto marcado para
6 de agosto, se unam a outras marchas, e aprofundem ainda mais a crise
política. De acordo com a fonte, que não quis se identificar, o Planejamento
corre contra o tempo para fechar um acordo antes disso e evitar adesões à
Marcha das Margaridas (das trabalhadoras rurais), no dia 11, e à manifestação,
apoiada pelo PSDB, que conclama os insatisfeitos a irem para a rua, no dia 16.
Contraproposta
Veja o que o Fórum Nacional das Entidades do Serviço Público
Federal está propondo
» Rejeitar a oferta do governo, baseada em expectativa de
inflação futura;
» Não desconsiderar a inflação passada;
» Cálculo do reajuste deve começar em 1º de julho de 2010,
data da última parcela do aumento trienal de 2008, e se estender até 30 de
junho de 2015;
» Do aumento previsto, devem-se descontar os 15,8% de
aumento pagos em três parcelas (2013, 2014, 2015);
» Com isso, chega-se a um reajuste de 19,7%, que deve ser
pago em uma única parcela, em 1º de janeiro de 2016;
» Há a opção de se dividir o aumento em duas parcelas de
9,4%, uma em 2016, outra, em 2017.